Festival Ilvermorny

Apesar de apresentar uma grande diversidade de entretenimento, o festival acabou fazendo com que eu me sentisse deslocado. Pouco popular, não conhecia absolutamente ninguém além de Bernard, um amigo de longa data, que naquele momento deveria estar paquerando alguma garota desprevenida.

Depois de incontáveis tentativas frustradas dentre a imensa variedade de passatempos, optei pela distração proveniente dos brinquedos mágicos alocados no perímetro, findando o meu espírito competitivo - que, por sinal, já havia sido derrotado no momento em que deixara o martelo do Força do Trovão acertar acidentalmente o pé do supervisor. Logo fui proibido de retornar ao jogo por tempo indeterminado.

Custou até que eu conseguisse ultrapassar a massa de transeuntes que perambulavam pela área das barraquinhas - mediante a gritaria e os brados vitoriosos dos educandos que conseguiam marcar pontuações altas o suficientes para serem premiados, esbarrões e empurrões. Em comparação ao cerco dos jogos monitorados por duendes, a localidade onde encontrava-se a roda gigante era um ínfimo pedaço do paraíso, silencioso e não tão frequentado. No máximo, duas ou três pessoas deleitavam do balanço das cabines.

"O único problema é a altura!" tal pensamento levou-me a erguer o rosto, vislumbrando o quão alto as cadeiras subiam e retrocediam em direção a base em rodopios singelos, consecutivamente. Não que eu estivesse com medo, claro, mas nunca se deve confiar totalmente na segurança desses brinquedos - especialmente se tratando daqueles fabricados por bruxos. "Ao menos manterá a minha mente ocupada" concluí, intuindo livrar-me mais que depressa das más recordações ocasionadas pela minha má desenvoltura de outrora.

— Quero um desses pirulitos, por favor! — um carrinho de guloseimas passara por ali antes que eu decidisse me aventurar na roda gigante. Mesmo que não bastasse para abafar os ruídos irritantes provindos do meu estômago -  só então eu tinha percebido que estava faminto - certamente serviria para atenuar o problema. Puxei alguns galeões do bolso e os dei à vendedora rechonchuda que me sorriu em agradecimento.

No entanto, seu deslumbre deu-se ao prelúdio da minha beleza indômita, indiferente ao padrão de masculinidade recaído aos outros garotos e rapazes que transitavam por ali - em resumo, os traços do meu rosto e as minhas expressões corporais foram esculpidos consequente o gene Veela da minha avó que eu havia herdado de mamãe. Ignorei a velhota, todavia, acostumado - e cheio - daquele tipo de atenção que eu vinha recebendo habitualmente.

"Vamos nessa!" percorrendo o estreito das barras férreas que separavam os bruxos das desinências do imenso brinquedo giratório - por precaução, talvez - esperei próximo a passagem de uma das cabines, pronto para embarcar, aguardando pela permissão de um Pukwudgie que zelava pela organização do local. Neste intervalo, dei uma lambida no pirulito, deixando que o gostoso sabor doce impregnasse a minha boca, suspirando.