omia um enorme algodão doce - preto, quem poderia imaginar! -, longe das vistas da mamãe, é claro, sentadinha num banco baixo, longe de onde a movimentação era mais intensa, querendo um momento de paz pra apreciar meu doce sem receber olhares estranhos - o que não funcionou do jeito que eu previra, já que todos que por mim passavam, me olhavam dessa mesma forma. Fiz cara feia; que é, por acaso tem algodão doce no meu cabelo e... Olha, tem mesmo! Arregalei os olhos, tratando de livrar meus cachos do doce grudento o quanto antes possível; santo cristo, quando foi que agi tão distraidamente? Mas espera, se não fora eu, quem... Olhei para trás e consegui ter um vislumbre de madeixas finas tão negras quanto as minhas pendendo de um coque frouxo preso por um par de hashis afiados, o que só podia significar... __ Seraphina maldita!

   Mal tinha dado uma mordida no doce e já perdera o apetite devido à irritação. Ofereci o algodão doce a um menininho que por ali passava, que prontamente estendeu sua mãozinha em aceitação, mas sua mãe o puxou pra mais perto e me lançou um olhar feio que, se eu apertasse a tecla SAP de um controle remoto no-maj, o mesmo legendaria da seguinte forma: Já te disse que aceitar coisas de estranhos, só se mamãe deixar, mas macumba não, meu filho!

   Joguei o doce numa lixeira e saí emburrada, com vontade de socar a cara de um mas, bom, eu não era como Ienca ou Ambika, preferia descontar minha frustração em objetos inanimados, não em carne e osso... E por isso me dirigi até o força no trovão. A fila não se prolongava muito, e logo chegara a minha vez; peguei a marreta que a mim era estendida e a segurei com ambas as mãos, afiando os olhos pro pino que parecia me hipnotizar para acertá-lo. E foi o que fiz; ergui a marreta abruptamente e a desci contra o pino com a pouca força que a mim era atribuída. Na última partida tinha conseguido uma boa quantia de pontos devido à minha irritação, quem sabe daquela vez não conseguiria também...